Projeto vai apresentar a trajetória de renomadas pesquisadoras brasileiras e debater sobre a desigualdade de gênero na academia

A produção científica feminina cresceu nos últimos 20 anos no Brasil – a taxa de trabalhos científicos de autoras aumentou 11%, alcançando 49% da produção científica total do país. Os dados do relatório ‘Gender in the Global Research Ladscape’ (Gênero no Cenário Global de Pesquisa), apresentado por uma das maiores editoras mundiais, a Elsevier, revelam uma trajetória de lutas, mas não mostram os preconceitos enfrentados pelas mulheres no ambiente acadêmico. Nesse sentido, o projeto Mulheres Cientistas em Movimento leva à cena, de 14 de setembro a 14 de dezembro, um espaço para reflexão, desenvolvimento crítico e encorajamento de jovens cientistas a seguirem carreira na Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T&I).  As inscrições são gratuitas e limitadas: https://bit.ly/2QoecDC.

Para a abertura do evento, esta programada uma mesa redonda composta pela representante da  Luisa M. Diele-Viegas; pela bióloga Caren Queiroz que aborda questões de raça e feminismo no ambiente acadêmico; e pela pesquisadora Lucy Sousa, que trata da perspectiva cisnormativa na ciência. A mediação é da professora titular do Instituto de Biologia da UFBA, Blandina Viana, que espera, com a iniciativa, aumentar a visibilidade das pesquisas realizadas por mulheres especialmente nas chamadas “Hard Sciences”.

Segundo a pesquisa  ‘Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)’, publicada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as mulheres representam apenas 35% dos estudantes do mundo em áreas de STEM (science, technology, engineering and mathematics).  No intuito de mostrar a importante contribuição feminina nessas áreas, “reunimos um grupo bastante diverso de cientistas – mulheres em diferentes estágios da carreira, idade, raça e gênero-, representando as quatro áreas básicas das ciências exatas e da vida: Biologia, Química, Física e Matemática”, pontua Viana.

Para a comissão organizadora, o evento é uma oportunidade para conhecermos os desafios enfrentados por essas mulheres no reconhecimento das suas atividades e as estratégias utilizadas para a superação. De acordo com dados do CNPq, Inep e Parent in Science, a presença feminina vai sendo reduzida à medida em que se escala os níveis mais altos da ciência. Um exemplo disso é que as bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) para mulheres correspondem a apenas 36% do total.

Além da questão de gênero, mulheres negras, marcadas por um passado de colonização e escravidão, enfrentam barreiras ainda maiores. O Censo da Educação Superior (2016) revelou que apenas 0,04% dos docentes de pós-graduação no país são mulheres negras. A origem do abismo está na graduação, cujas estudantes negras correspondem a 6% dos alunos matriculados entre 20 e 24 anos. O cenário alerta para distâncias abissais e justifica a realização do Mulheres Cientistas em Movimento – uma ação conjunta entre o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Inter e Transdisciplinares em Ecologia e Evolução (INCT IN-TREE), a Rede Kunhã Asé de Mulheres na Ciência e a Soapbox Science/Salvador, programa internacional de extensão que leva a ciência produzida por mulheres para as ruas.

Confira a programação completa:

DataPalestranteModeradoraTema
14/09Caren Queiroz, Luisa Diele e Lucy SouzaBlandina VianaMesa: Mulheres na Ciência: Desafios e oportunidades
17/09Caren Queiroz, Gabriela de la Rosa, Luciana Leite e Luisa DieleCamila PigozzoMesa: Ações solidárias e de engajamento público com a ciência
21/09Adriana Medeiros (IBUFBA)Vanessa HatjePalestra: Uma folha cai em um riacho. E daí?
24/09Manuela Souza (IMUFBA)Caren QueirozPalestra: Diversidade racial na Matemática
28/09Bianca Denise (IBUFBA)Suzana CunhaPalestra: A face oculta dos fungos
05/10Blandina Viana (IBUFBA)Paula RistowPalestra: Da abelha ao ecossistema: as pegadas do caminho percorrido
13/10Camila Pigozzo (UNIJORGE)Rafaelle SouzaPalestra: Muito prazer, sou uma bióloga realizada!
19/10Fabiola Greve (IMUFBA)Bianca DenisePalestra: A Blockchain irá transformar as nossas diversas relações, quer saber?
26/10Flora Bacelar (IFUFBA)Adriana MedeirosPalestra: Complexidades e simplicidades, por onde caminha a física??
03/11Nadia Roque (IBUFBA)Luciana LeitePalestra: Semeando ciência e colhendo flores e frutos
09/11Paula Ristow (IBUFBA)Flora BacelarPalestra: Vida em comunidade e leptospirose: o que podemos aprender com os biofilmes?
16/11Priscila Camelier (IBUFBA)Luisa DielePalestra: Quando colecionar salva vidas: a importância dos museus na conservação da biodiversidade
23/11Rafaelle  Souza (IFBA)Caren QueirozPalestra: O que (não) é quântico!
30/11Suani Pinho (IFUBA)Fabiola GrevePalestra: O vasto cenário promovido pela interdisciplinaridade entre as ciências exatas e as ciências da vida
07/12Suzana Cunha (IBUFBA)Priscila CamelierPalestra: Biotecnologia Azul: Microalgas e seu uso na Inovação
14/12Vanessa Hatje (IQUFBA)Nadia RoquePalestra: Atravessando fronteiras no continuum continente-oceano

Serviço
O que: Mulheres Cientistas em Movimento

Quando: 14 de setembro a 14 de dezembro, às segundas-feiras (exceto 17 e 24/09, 13/10 e 03/11)

Horário: das 14h50 às 16h50

Como: inscrição gratuita em https://bit.ly/2QoecDC.

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